O Comitê da Bacia do Curu realizou sua 94ª reunião ordinária, nesta quinta-feira (27), em Canindé, para discutir sobre a mineração de urânio e de fosfato na Fazenda Itataia, em Santa Quitéria.
O complexo mineroindustrial envolve a lavra e o beneficiamento do minério Colofanito (associação de urânio e fosfato), visando a produção de fertilizantes para adubo e para ração animal.
O Projeto foi idealizado pelo consórcio Santa Quitéria, envolvendo a Indústria Nucleares do Brasil e a Galvani Fertilizantes, cujo diretor, Christiano Brandão, apresentou os detalhes do empreendimento, ainda sem data para início.
A mina não usará barragem de rejeitos, com redução do consumo de água nova através de uma tecnologia de reúso da água em um circuito fechado, sem lançamento de efluentes.
A água necessária para operação será do Açude Edson Queiroz, o 5º maior do Ceará, no próprio município Santa Quitéria, com uma vazão aproximada de 900 m³ por hora.
O trabalho influencia a região por ser próxima à nascente do Rio Curu, o principal da bacia, além de ser rota de escoamento da produção para a região metropolitana de Fortaleza.
A atividade deve trazer empregos para os municípios de Santa Quitéria, Itatira, Madalena e de Canindé, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Essa projeção traz esperança de maior desenvolvimento econômico aos governos municipais vizinhos.
“Sou defensor da causa ambiental, mas compreendo que se nos unimos com o conhecimento de vários órgãos, conseguiremos achar um meio termo para preservar nosso meio ambiente. Não devemos perder a pauta de gerar renda como nunca vimos antes nessa região. Estamos falando de cerca de 5 mil empregos, de forma direta e indireta“, frisou o prefeito de Canindé, Jardel Sousa, durante a abertura.
Para Ricardo Sabadia, presidente do Comitê, o complexo deve elevar o patamar comercial do Estado à outra potência.
“Com a mina, poderemos vender fertilizantes mais baratos, inclusive para outros estados, como a região do Matopiba, uma das mais produtivas do Brasil“, relatou o membro.
O projeto está aguardando licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que deve atestar a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes para as próximas etapas.
Porém, o Comitê do Curu já espera conhecer in loco as instalações do empreendimento.
“Espero que ocorra uma visita técnica ao projeto para levarmos as informações aos nossos municípios“, disse a membro Maria das Dores, do Sindicato dos trabalhadores rurais de General Sampaio.
De acordo com coordenador geral do Fórum Cearense de CBHs, Teobaldo Marques, o momento garantiu mais transparência e confiança não só ao Comitê do Curu, mas para outros entes dos recursos hídricos do estado.
“Temos muitas dúvidas ainda, mas parabenizo vocês por mostrarem aqui um compromisso social e ambiental sério do projeto, o que tranquilizou a população“, comentou Teobaldo Marques, coordenador geral do Fórum Cearense de CBHs.
O encontro encerrou os trabalhos do CBH em 2025 com muito engajamento dos membros.